Do Império Russo

O imenso espaço geográfico que a União Soviética ocupava – hoje em grande parte ocupado pela CEI e, em particular, pela Rússia – resultou de uma longa história de conquistas.

Nos primeiros séculos de era cristã, uma faixa de terra de oeste a leste dos montes Urais*, coberto por uma vegetação descontínua chamada estepe*, foi ocupada por povos eslavos ainda hoje predominantes no conjunto da população russa.

Os Urais constituem um importante elemento de delimitação desse território: a oeste, localiza-se a Rússia europeia e, a leste a Rússia asiática. Rússia, aliás, era o nome dessa porção territorial, onde existiam vários principados, sendo o de Moscou o mais importante deles.

No fim do século XV, Ivã III, do principado de Moscou, conseguiu unificar todos os principados russos, pondo fim à dominação que outros povos ainda exerciam sobre alguns deles. Moscou, cidade fundada em 1147, tornou-se, então, a capital da Rússia, que havia se transformado num grande império – o Império Russo.

Durante os séculos XVI ao XVIII, a expansão do Império Russo para o leste e oeste foi intensa.

Ivã IV, o Terrível, que foi o primeiro a usar o título de czar*, conquistou a Sibéria em 1556. O Alasca foi anexado à Rússia em 1732. Esse território, localizado no continente americano e separado do asiático pelo estreito de Bering, seria vendido pela Rússia aos Estados Unidos em 1867.

No fim do século XVII e começo do século XVIII, sob o governo de Pedro I, o Grande, o Império Russo passou por um processo de extraordinário desenvolvimento. Esse czar transferiu para São Petersburgo a capital da Rússia, antes situada em Moscou, iniciando uma política de integração com a Europa. Isso garantiu à Rússia a possibilidade de acompanhar o desenvolvimento científico - cultural da civilização europeia e conhecer outros pontos de vista sobre política e economia.

Principais mudanças no período do reinado de Pedro I, o Grande:

ECONOMIA: - introdução de técnicas que inovaram a manufatura russa e criaram as condições para que, na segunda metade do século XIX, o país desenvolvesse sua própria industrialização, ainda que apoiada em capitais de diversos países europeus.

SOCIEDADE: - com a industrialização, ocorreu um transformação significativa, principalmente, na parte europeia, o surgimento do operariado, classe social formada pelos trabalhadores das fábricas localizadas em São Petersburgo, Moscou e Donetsk, que usavam vários recursos naturais existentes na região, como carvão, ferro, petróleo, etc.

O regime político, porém, continuava quase feudal e os czares que exerciam o governo nada faziam para promover as mudanças reclamadas pela maior parte da sociedade.

Camponeses: em regime feudal, pagando diversos e elevados impostos, mal conseguiam sobreviver.

Operários: reivindicavam melhores salários e condições de segurança e higiene nas fábricas.

A partir da segunda metade do século XIX, ao mesmo tempo em que as nações europeias realizavam a Segunda Revolução Industrial, a Rússia, até então governada por czares, passou por expressivo crescimento econômico.

No entanto, esse intenso crescimento econômico, impulsionado pelo intenso processo de industrialização, acentuou as desigualdades no interior da sociedade russa. De um lado: Industriais, comerciantes e a aristocracia agrária*: enriqueciam cada vez mais. De outro: trabalhadores- operários urbanos e camponeses: que eram intensamente explorados, viviam em condições precárias.

A REVOLUÇÃO DE 1917

A situação de crise econômica e a participação russa na Primeira Guerra Mundial (1924 -1918), com grande número de mortos entre os soldados (em geral filhos de camponeses, que precisavam de mais braços para superar a falta de alimentos), favoreceram o ressurgimento dos sovietes. Os sovietes eram conselhos populares* - assembleias ou comunidades de operários, camponeses e até soldados – que surgiram pela primeira vez na Rússia em 1905. em fevereiro de 1917, obrigaram o czar Nicolau II a abdicar. Foi criado então um governo provisório chefiado por Aleksander Kerenski, cujas medidas ( entre elas a NÃO retirada das tropas russas do conflito mundial) foram consideradas insuficientes pela população.

Nessas condições, fortaleceu-se o Partido Bolchevique – no ano seguinte, passou a se chamar Partido Comunista –, que assumiu papel de destaque na deposição do frágil governo de Kerenski, considerado por muitos o representante da burguesia russa.

O líder dos bolchevique, Vladimir Llitch Ulianov, mais conhecido como Lenin, pregava que todo poder deveria ser exercido pelos sovietes e defendia o fim da participação russa na Primeira Guerra Mundial. Com isso, conseguiu o apoio popular que o levou ao poder, ao depor o governo de Kerenski, em outubro de 1917. Todavia, uma vez no poder, Lenin revigorou o exército e fortaleceu o Estado, enfraquecendo assim os sovietes.

Outras medidas adotadas por ele e pelo Partido Bolchevique foram:

• estatização dos meios de produção – a terra, o capital, o subsolo, os meios de transporte, as indústrias, os bancos tornaram-se propriedades do Estado;
• confisco das grandes propriedades da antiga nobreza e da Igreja ortodoxa;
• reforma agrária;
• assinatura do Tratado de Brest-Litovsk com os alemães, para retirada do país da guerra.

O fato de o Estado ter se tornado o único proprietário de todos os meios de produção foi um passo decisivo para seu fortalecimento e explica o desaparecimento progressivo dos sovietes e outras manifestações de partidos políticos contrários e as cooperativas que haviam se formado espontaneamente foram gradativamente eliminados, desaparecendo a possibilidade de reorganizar democraticamente o país.

Assim, o Partido Comunista se firmou na Rússia, dando origem a uma burocracia que passou a administrar os bens públicos, de acordo com planos econômicos elaborados e definidos por funcionários do Estado, a serviço do partido único.

Não demorou para que essa burocracia passasse a controlar o poder político e econômico, sem permitir a participação do povo em suas deliberações.

Estepe: tipo de vegetação ou paisagem de zonas frias e seca sem que predominam plantas pequenas, principalmente gramíneas.

Montes Urais: Maciços antigos uma das três unidades de relevo da Europa.

Czar: título de realeza dado aos antigos imperadores da Rússia.

Aristocracia agrária: classe dos proprietários rurais ligados à nobreza.

Conselhos populares: discutia-se maior participação do povo nas decisões políticas na nação. Sustentada nas ideias socialistas do pensador alemão Karl Marx e do russo Vladimir Llich Ulianov – Lênin, que propunham a construção de uma sociedade justa e igualitária.

Referências bibliográficas

VESENTINI, José William. VLACH, Vânia. Geografia Crítica. 4ªed. Editora Ática. São Paulo, 2010.

BOLIGIAN, Levon e outros autores. Geografia espaço e vivência. 3ªed.Editora Atual. São Paulo,2009.